O Golpe do Amor e Outras Violências: quando ser mulher é virar alvo de todos os lados
Em pouco tempo, o romance vira golpe — e ela se vê com o coração partido e o bolso saqueado.
Esses crimes não são acidentes. São violências calculadas, praticadas contra mulheres que vivem sozinhas, com autonomia, e que a sociedade insiste em tratar como vulneráveis.
É assim que o mundo trata a mulher idosa: como depósito de afeto, caixa eletrônico, babá da família, empregada não remunerada ou alguém que “já viveu demais e devia se calar”.
Se você tem pouco dinheiro, te exploram como mão de obra doméstica. Se você tem algum patrimônio, querem te enganar, te cercar, te roubar.
A mulher idosa pobre muitas vezes é feita de empregada pelos próprios parentes, obrigada a viver de favor mesmo depois de ter criado filhos, netos, sobrinhos...
Quando enfim se aposenta, o que recebe é tomado por filhos ingratos, noras interesseiras ou familiares que a mantêm sob controle emocional.
A mulher idosa com algum dinheiro também não está a salvo. Ela é alvo do “golpe do amor”, de parentes oportunistas, de advogados, amigos da onça — todos tentando abocanhar o que ela construiu com esforço e dignidade.
E tudo isso porque ela ousou envelhecer livre.
Porque não se cala.
Porque não aceita ser invisível.
Envelhecer como mulher é perigoso. Mas não porque o corpo enfraquece — e sim porque a sociedade ainda acha que, depois de certa idade, você já não serve mais pra nada.
Eles esquecem que é justamente nessa fase que vem a coragem, a lucidez e a potência de quem sobreviveu a tudo.
Canto:
Eu não nasci pra ser Geni.
Nem saco de pancada emocional.
Nem herança antecipada de ninguém.
Sou mulher.
E sou livre.
E isso, sim, assusta muita gente.
Rafiza Lestoliê
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